4.3.07



Voltar à «A jangada do La Méduse » de Théodore Géricault para constatar que,

como os sobreviventes do navio francês La Méduse,

também neste “apêndice”, na cidade do Porto,

muitos continuam a resistir num país perdido no Atlântico.



Voltar à "A jangada" de Théodore Géricault para como este e com este

criticar o Governos, Câmaras e os mais variados agentes do sistema artístico nacional porque,

lembrando o navio La Médose, a nomeação do capitão - que não era homem do mar –

fora um acto de favoritismo político.



Voltar à «A jangada do La Médose de Théodore Géricault porque,

como no seu tempo, este tema é discordante relativamente aos “tradicionais”.



Voltar à «A jangada do La Médose » de Théodore Géricault porque,

ao contrário desta que foi aceite com relutância,

a presente obra foi ignorada como todas as outras que foram apresentadas no mesmo lugar

e como muitas outras ainda patentes ou recentemente apresentadas (nos últimos sete anos)

por um considerável número de jovens criadores deste Porto perdido no mar.



Voltar à «A jangada do La Méduse » para sublinhar que como no passado,

a luta dos náufragos - de um Porto de um país perdido no Atlântico –

continua a ser a mesma

com os governantes e ou com os agentes do meio artístico

pela «LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE».



Voltar à “Crucificação” de Matthias Grunewald porque,

hoje como antes, a cruz a carregar continua a ser a mesma.



Voltar à “Descida da cruz” de Peter Paul Rubens,

para lembrar que a fé ainda é o que faz movimentar os que por aqui andam - por este “apêndice” - mesmo depois de uma primeira morte,

mesmo diante do peso que se abate de maneira insuportável

perante a referida morte.



Voltar à “Descida da cruz” de Peter Paul Rubens,

para lembrar que depois de descidos da cruz

cada um dos que por aqui anda

é acompanhado por aqueles, não muitos,

que sentem o desespero de terem sido arrastados e arrasados,

como o fadado ao processo de crucificação.



Pelo referido e pelo ainda não dito,

voltar ao «O discurso sobre as Ciências e as Artes» de Jean-Jacques Rousseau,

para hoje constatar, como no tempo deste,

que há um abismo entre as exigências da sociedade e a verdadeira natureza do ser humano;

para (re)discutir «LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE»,

agora remetidos a valores do passado e considerados falidos