9.12.07




non – sem força para fixar o olhar
Momento I – metropolização
Momento II – megalopole
Momento III – Arquipélago Megalopolitano


1999 – 2007
Instalação

Dimensões variáveis



Fotografia de Manuel Santos Maia, Sónia Neves e Arlindo Silva
























30.8.07

non – sem força para fixar o olhar

Fotografia de Luís Alexandre






Antimonumentos
Mostra a inaugurar em Viseu a 15 Setembro de 2007
Curadoria de Miguel von Hafe Pérez
Galeria ah arte contemporanea

Fotografia de Isabel Ribeiro




monumento, s.m. construção ou obra de escultura destinada a perpetuar a memória de um facto ou de alguma personagem notável; edifício majestoso; obra digna de passar à posteridade; mausoléu; memória; recordação; pl. Documentos literários, científicos, legislativos ou artísticos; restos ou fragmentos materiais pelos quais podemos conhecer a história dos tempos passados. (Do lat. Monumentu-, «id.»).

monumentalizar, v. tr. dar carácter ou aspecto de monumental. (De mnumental+-izar).

anti-, . elemento de formação de palavras, de origem grega, que exprime a ideia de hostilidade, protecção, oposição;aglutina-se com o elemento seguinte, excepto quando este tem vida própria e começa por h, i, r ou s, separando-se, neste caso, por hífen. (Do gr. Anti-, «contra»).

«metropolização»

Um dos resultados da mundialização do século XX prende-se com a urbanização nos países em desenvolvimento sob a forma de «metropolização». Como refere Olivier Dollfus em “A Mundialização”:

A mundialização, quer situemos o seu início na altura das Grandes Descobertas quer sob a sua forma actual, no fim do século XIX, contribuiu, através do crescimento de efectivos e de riquezas, (…) para grandes redistribuições da população das regiões e dos continentes; para o papel cada vez maior das cidades; para a importância, ligada ao comércio e às migrações (…). A primeira mundialização, saída da Europa, foi primeiro que tudo intercontinental e transoceânica. (…)

A mundialização é, antes de mais, um turbilhão de crescimentos das mais variadas naturezas, distribuídos de forma desigual, que afecta as condições da existência de todos, embora de formas diferentes, e que contribui em todas as escalas para as modificações das massas e da forma como estão repartidas, entre cidade e campo, entre regiões, entre países, bem como entre continentes.

(…)

Estes crescimentos que marcam o início do ciclo da história da mundialização contemporânea não poderão subsistir a longo prazo. Transposto para a história da humanidade, o século XX, o século do grande impulso da mundialização, será sempre visto como um século excepcional devido aos seus rescimentos, que traduzem um sistema onde entram em jogo os circuitos de retroacção positiva.

(…)

A cidade

“A mundialização deu um grande impulso à urbanização, porque a cidade é a concentração das sinergias, a acumulação dos factores num mesmo local, uma oferta de emprego diversificada, a possibilidade de promoção social, a integração numa sociedade em movimento. O crescimento urbano é o triunfo da concentração. Faz-se acompanhar do desenvolvimento das redes – quer internas da cidade, para permitir o seu bom funcionamento, quer externas, para facilitar as relações com as proximidades e com outras cidades.

A urbanização aplica-se actualmente a metade da humanidade (…). O crescimento das cidades dos países em desenvolvimento tem sido particularmente forte na segunda metade do século XX.”

“o mundo das fracas densidades e do vazio

Imensas superfícies terrestres permanecem vazias, o que não significa, no entanto, que não desempenhem o seu papel no mundo actual. Algumas contêm recursos mineiros ou energéticos (…), são bases de observação cientifica da Terra, de controlo estratégico por parte das grandes potências, (…). Outras são reservas de terra para o futuro. Continuam muito pouco povoadas, embora tenham «potenciais naturais» análogos a outras regiões densamente ocupadas. (…)

Se é verdade que a Terra, na época da mundialização, se densifica, isto acontece de forma claramente desigual, com vastas superfícies deixadas por habitar, embora não sejam necessariamente impróprias, pela sua natureza, para diferentes formas de ocupação humana. Estes vazios não constituem um obstáculo aos fluxos mundiais”

«arquipélago megapolitano mundial» (AMM),

Hoje um conjunto de cidades dirigem o mundo. Esta criação da segunda metade do século XX é segundo Olivier Dollfus “um dos mais fortes símbolos da globalização aliada à concentração das actividades de inovação e direcção. Exerce-se aí a sinergia entre as diversas formas do terciário superior e do «quaternário» (investigações, inovações, actividades de direcção). O AMM marca simultaneamente a articulação entre as cidades pertencentes à mesma região e entre grandes pólos mundiais. Daí resulta o aparecimento de grandes grupos de cidades mundiais.

Jean Gottmann havia dado o nome de «megalópole» às cidades situadas ao longo da costa atlântica no nordeste dos Estados Unidos, de Washington a Bóston. Esse nome foi de seguida dado às redes de cidades e metrópoles vizinhas onde se concentram e operam em sinergia os poderes políticos, os poderes económicos, e os poderes financeiros; onde estão instaladas as sedes das grandes empresas e dos meios de comunicação que forjam as opiniões de todo o mundo; onde se encontram ainda, entre os mais inovadores, as grandes universidades e laboratórios; onde se lançam as modas, de vestuário ou música. Criações da mundialização, estas megalópoles são a expressão de um novo cosmopolitismo, permanecendo, contudo caracterizadas pelas culturas a que pertencem.

Estes «cachos de cidades» com funções quaternárias dispõem de excelentes meios de comunicação internos (aurto-estradas, carreiras aéreas, comboios rápidos, auto-estradas da informação). São empreendidos esforços dispendiosos para evitar ou limitar efeitos de congestionamento que possam prejudicar o seu funcionamento. Congestionamento este que pode atrasas um pouco os efeitos de aglomeração favorecidos pela sinergia entre os efeitos de centralidade e de economias de escala. As megalópoles, mantêm excelentes relações com as outras «ilhas» do arquipélago megapolitano mundial (o que dá sentido à palavra arquipélago) e está nelas concentrado o essencial do tráfego aéreo e dos fluxos de telecomunicações. (…) no interior destas «megalópoles», a velha distinção entre rural e urbano perde um pouco o sentido, mesmo que uma grande parte da sua superfície seja florestal ou campestre, recortada pelos avanços do mar (…)”

Um mundo de cidades

… como era possível apreciar a beleza das coisas materiais da terra ou nos céus e o que era que me capacitava a tomar decisões correctas em relação a coisas sujeitas à mudança e a decidir que uma coisa tinha de ser deste modo, uma outra do outro. Interrogava-me como é que eu era capaz de as julgar dessa maneira e percebi que a cima da minha própria mente com capacidade para a mudança, existia a imutável e verdadeira eternidade da verdade. Assim, a passo e passo, os meus pensamentos passaram das consideração das coisa materiais para a alma, que percebe as coisas através dos sentidos do corpo e depois para o poder interior da alma a que os sentidos do corpo comunicam os factos externos.”

(…)

Mas eu não tinha forças para fixar o meu olhar nelas. Na minha fraqueza, recuei e voltei aos meus velhos caminhos, carregando comigo nada a não ser a lembrança de algo que eu amava e pelo qual ansiava como se tivesse a fragrância do alimento, mas não fosse ainda capaz de o ingerir.

(…)

Não preciso de me preocupar se alguns não conseguem compreender isto? Que perguntem o que significa e alegrem-se por perguntar; mas podem contentar-se apenas com a pergunta.

in “Confissões” de Santo Agostinho





non – sem força para fixar o olhar _ metropolização _ Momento I





non – sem força para fixar o olhar _ Megalopole _ Momento II






non – sem força para fixar o olhar _ Arquipélago Megalopolitano _ Momento III