30.7.10

4.5.10

















Partindo de pequenas narrativas históricas, neste caso sobre o Padre António Vieira ou sobre o Milagre das Rosas, o artista recorre a processos de encenação e de engodo que convocam memórias históricas dos mitos da portugalidade, remetendo para o universo da memória colectiva. A série non, na linha de outros trabalhos anteriormente apresentados, congrega uma forte carga simbólica que o próprio étimo latino deixa adivinhar – trata-se aqui de reunir, numa só palavra, um modo de vivência que tem vindo a caracterizar a identidade nacional – uma visão pessimista que encerra em si mesma um estado de alma. Como Padre António Vieira escreveu em 1670, “O non mata a esperança, que é o último remédio que deixou a natureza a todos os males.”. Acredita-se que a pedra que se encontra agora em exposição no criptopórtico, e da qual o artista se apropriou, seja a 13ª pedra com a inscrição “non”, encontrada em território português. Reza a lenda que Padre António Vieira a tenha visto em 1666 (refira-se aqui, em tom de nota, a carga simbólica da data, pois, tal como o pregador dizia, é um número que se pode escrever com todas as letras da numeração romana em sucessão da de maior para a de menor valor – MDCLXVI, e 66 é o dobro dos anos de Cristo), quando, condenado a privação da voz activa e passiva e suspenso de pregar pelo Tribunal do Santo Ofício, preparava a sua defesa para apresentar ao Tribunal de Coimbra. Ainda na condição de réu, terá pensado nestas palavras, que, mais tarde, em 1670 e já em Roma, escreverá num sermão, na sua luta declarada contra a Inquisição. Para além desta obra, MSM apresenta ainda non_ milagre, que remete para a própria história da cidade de Coimbra e para a figura da Rainha Santa Isabel. Exposta no contexto de uma livraria de museu, a obra aponta, para além da óbvia reminiscência histórica, para uma outra leitura que se cristaliza na contaminação de um espaço não expositivo.

texto de Catarina Portelinha
fotografias de André Sousa








non_ mata a esperança (que é o último remédio que deixou a natureza a todos os males), 2010

Calcário, 26 x 16,5 x 16 Cm





non_ mata a esperança (que é o último remédio que deixou a natureza a todos os males)I, 2010

Visita Guiada _ Performance





non_ milagre I, 2010

Folha de papel químico branco, moeda de 2 euros, alemã

(Coroa: cuproníquel com bordo serrilhado com a inscrição "EINIGKEIT UND RECHT UND FREIHEIT" em alemão: União e Justiça e Liberdade e

Núcleo: três camadas: latão e níquel, níquel, latão e níquel),

22 x 28 cm




non_ milagre II, 2010

Folha de papel químico branco, três moeda de 2 euros, (Coroa: cuproníquel com bordo serrilhado e

Núcleo: três camadas: latão e níquel, níquel, latão e níquel),

22 x 16 cm







non_ milagre III, 2010

Folha de papel químico branco, seixo de granítico,

18 x 23 cm








17.3.10

non _ para morrer, o mundo (1ª Grande Guerra Mundial), 2010


non _ para morrer, o mundo (1ª Grande Guerra Mundial), 2010

Fotografia cores, 50 cm x 70cm


Ao avô do meu pai

2.3.10


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Na ZDB, Manuel Santos Maia apresenta

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non _ ninguém se perdoa no tempo, 2010

apropriação de uma acção de Diogo Evangelista, chumbo, folhas de livros com reprodução de documentos, papel de engenharia e cartão

Dimensões variáveis

Para o Diogo Evangelista e para todos os que tornam outra a imagem do/ no mundo


non _ pensam de espinho para espinho, 2010

postais, recortes de envelopes

Dimensões variáveis


Para os amigos que vão e aos que ficam




non _ mal posso dar / no mundo/ um passo / sem tremer , 2010

capa de atlas mundial da “The Times”, mostruário de cores de linhas e cartões de cores de tintas

Dimensões variáveis

Para os filhos dos( meus) irmãos



non _ as pálpebras batem contra o grande dia masculino do pensamento, 2010

cartas geodésicas das antigas províncias ultramarinas portuguesas,

Dimensões variáveis

Para a Lúcia Prancha e para os criadores de livre conhecimento



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non _ há palavras que requerem uma pausa, um passo e um silencio, 2010

desenho sobre papel vegetal e barras de giz de cor

Dimensões variáveis

aos que nos fazem chegar palavras de crua cor dura



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non _ é uma atmosfera de reticencias, 2010

postais, cartão, etiquetas de preços, desenho (grafite sobre papel de engenheiro)

Dimensões variáveis

Para os que já não sonham e criticamente engenham e arquitectam outros mundos para este



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non _ se o sul é para trás e o norte para o lado, é para sempre a morte, 2010

chumbo, recorte de jornal, cartão postal

Dimensões variáveis


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non_ o lugar onde não vim ao mundo II, 2010

CD com cinco versões (do autor com Mónica Baptista, Susana Chiocca, Marçal dos Campos, Afonso Alexandre e Diogo Marques e da família do artista) da canção Hino de Quiaio, de 1979, de Dona Rosa Nogueira e partitura (tinta da china sobre papel)



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non _ VIAGEM A TRACEJADO ATÉ AO EXTREMO LITORAL DO MUNDO,

2008-2010

vídeo, cor, 40 minutos





Manuel Santos Maia agradece

a todos os que estão por aqui,

Anabela Maia, André Trindade, Afonso Alexandre, António M.M. Maia, António Maia e família, Alzira Arouca, Bruno Moreira, Cristiano, Daniela Ribeiro, Diogo Evangelista, Diogo Maia Marques, Eduardo Matos, Eglantina Monteiro, Dona Emília, Felipe Felizardo, Fiodor, Francisco Palma Dias, Gonçalo Pena, Gonçalo Tavares Antunes, Iuri, Joana Botelho , José Neto, Júlia Hansen, Luís Almeida, Luís Barreto, Lúcia Prancha, Manuela Maia, Marçal dos Campos, Maria Albertina M. dos Santos, Marta Furtado, Mónica Baptista, Matias Maia, Miguel Manso, Natxo Checa, Nikolai Nekh, Paulo Queiroz, Samuel Guimarães, Sérgio Hydalgo, Susana Chiocca, Companhia das Culturas, ZDB,